Friday, December 08, 2006

Rebis alquimico


É Eugène Canseliet, ao editar a obra de Fulcanelli LE MYSTÈRE DES CATHÉDRALES, que nos dá a solução do enigma alquímico que se encontra na Chapelle de l'Hotel Lallemant e Fulcanelli reproduz.
São muito os nomes atribuídos à pedra filosofal: é água, é pedra, é fogo, é matéria, é coisa desprezível, mas é também sublime luminosa, gloriosa, ascende ainda em alguns textos à denominação de Virgem sagrada, de Cristo ressuscitado ( como no Rosarium Philosophorum) é a matéria negra ou a matéria branca- enfim o que se conclui da abundância de nomes é que se trata de um arquétipo da complementeridade de opostos :
trevas/ luz
macho/ fêmea
dia/ noite
branco/ negro
etc.
Apelidada de "coisa" res /rerum na declinação latina, o ablativo é RE e o enigma significa que estamos perante "uma coisa dupla" RERE, sendo na verdade o REBIS alquímico, o andrógino sublimado e perfeito depois de consumadas as operações para o alcançar.
Escreve Canseliet ( sempre se duvidou da existência do sábio Fulcanelli ):
"RE, ablatif du latin de res, signifie ' la chose ' envisagée dans sa matière. Puisque le mot RERE est l'assemblage de RE, une 'chose', et RE, une autre 'chose', nous traduirons deux choses en une, ou bien une double chose, et RERE équivaudra ainsi à REBIS....Le mot rebis, employé par les philosophes caractérise leur compost, ou composé destiné à subir les métamorphoses successives sous l'influence du feu.
Résumons:
RE, une matière sèche, or philosophique;
RE, une matière humide, mercure philosophique;
RERE ou REBIS, une matière double, à la fois humide et sèche, amalgame d'or et de mercure philosophique" ( p. 204 )

Mas não nos esqueçamos que este vocabulário oculta, ou aponta um caminho de espiritualização e que embora aludindo sempre a imagens materiais, elementares ou químicas é sobretudo, quando não sempre, da procura do entendimento dos fenómenos do espírito e da alma que se trata.

Quanto ao outro vocábulo RER incluído ainda nas linhas do enigma:
Aqui sim, trata-se de uma proporção indicada para as matérias que estejam a ser manipuladas: duas partes de uma, seja ela qual fôr, para uma parte de outra, seja ela qual fôr.
Quanto ao resto, Canseliet diz, para aumentar a nossa curiosidade, que não lhe é permitido "rasgar o véu do mistério que a palavra encobre".
Mas não é preciso. Há arte suficiente, e filosofia suficiente, na meditação dos conceitos que sob a imagem do REBIS prendem a nossa imaginação.
Remeto para a escultura do HERMES bifronte que já coloquei no blog, fusão de um rosto masculino e de um rosto feminino como suporte de culto antigo, neste caso alusivo ainda a Dionisos, pelos ramos de videira que ornamentam a cabeça dupla.
Segundo a antiga literatura atribuída a Hermes, mítico pai da alquimia, enxofre e mercúrio são "os pais da pedra"; pois teremos então aqui possivelmente a indicação dos "componentes" necessários, depois é treinar ao fogo da paciência, a proporção correcta.
Mas: o enxofre é masculino, o mercúrio é feminino e isso nos remete de novo paara o Rebis como complemento de opostos.

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