Thursday, October 10, 2024

Zelensky

 

Zelensky em Downing Street

no seu caminho de bravo

que um dia se esgotará

não quis passadeira vermelha

para ele já estendida

andou pelo passeio comum

e depois foi recebido

à porta pelo Ministro

que só promete o que pode

o que pode é muito menos

numa batalha tão dura

do que poderia dar

depois do aperto de mão

que parece salutar...

Sai o gato que é mascote

e também ele ansioso

mas como é de estimação

poderá sempre voltar.

 Zelenky não é um gato

mas guarda as suas vidas

escondidas

também ele tem uma vida

que um dia se esgotará

não se diz isso agora

que o seu tempo é de lutar

mas não se dá grande ajuda

só passadeiras inúteis

que ele bem pode dispensar

quem lhe dera ser o gato

ignorando os corpos mortos

que na Pátria se amontoam

sem que se possam desfeitos

pelo menos enterrar.


10 de Outubro, 2024

Monday, October 07, 2024

 ISRAEL

Israel, Israel

 seca as lágrimas

que te afogam

leva as tuas mulheres

até ao rio sagrado

do Jordão

ajuda a lançar as redes

o que vem nas redes

são corações partidos

pedaços do que se amou

que a mão de um deus antigo

estendida não perdoou

castiga sempre que pode

Israel Israel

foge da maldição

está um Anjo ao portão

leva as tuas mulheres

dá-lhes um coração

que se transforme em pedra

se afunde no rio de lágrimas

leve consigo as redes

da pesca de maldição

7 de Outubro, 2024

 

Saturday, October 05, 2024

Fátima e as suas rosas

 FÁTIMA E AS SUAS ROSAS

(para a Fátima Morgado)

As rosas surgem do nada

vão ter com quem as procura

nos jardins

ou nas palavras

de um poeta celebrado

que uma rosa picou

estava ele já acamado

e só com as rosas falava...

Estas que vejo agora

que a Fátima fotografou

e para os amigos deixou

nas páginas do facebook

são de uma côr especial

um violeta transparente

asa de borboleta

escapando ao jardim de Alice

em que as rosas não brincavam

eram rosas invejosas

de uma beleza tão rara

e ali tão inesperada

que só para este olhar

da Fátima se revelaram.

 

14 de Setembro, 2024

TANTO MAR, para o Pedro Chorão

  

(para o Pedro Chorão)

Comecemos com a treva

a mais profunda do mar

de que as sereias fugiam

em busca dos seus rochedos

onde podiam cantar

e com a voz melodiosa

seduzir os seus amados

 

Eram tantos e tão belos

com tanto amor para dar

deusas saíam das ondas

mais beleza de invejar

os cabelos enrolados

e nas mãos o seu tear

fazia e desfazia as cores

com que queriam pintar

 

Pintavam os seus amores

nas altas ondas revoltas

manchas nas brancas areias

nas dunas de repousar

 

E mais uma vez cantavam

enquanto a treva as levava

e os corpos se desfaziam

nas ondas de tanto mar



Thursday, October 03, 2024

O eu e o outro

 

 O eu e o outro:

É preciso ser outro

para entender os outros.

Sim, mas como ser outro

se já o simples ser

é tão difícil .
Somos, mas não sentimos

nem sabemos o que somos

a aventura começa logo ao nascer,

viemos sem saber como nem de onde.

O eu irá ser construído, ou destruído,

enquanto o tempo passa

e como entender então o que é o outro

se o tempo passar depressa

sem permitir que se conheça o eu

enquanto outro

atento a si, e aos outros?

Como se definirá uma tal existência

uma revelação que amplie o sentimento

de ser um e o outro, de ser todos

ou de não chegar a ser nada nem ninguém

sendo contudo o rasto de algo que ficou

uma semente que aguarda, uma poeira

ténue esperança de que haja um momento

para si e o outro, para ambos

Sunday, September 29, 2024

EI-LOS

 

Ei-los

são tantos

os corpos

sacrificados

fala-se em causas

maiores

mas haverá causa maior 

do que a vida

ali para sempre

perdida

sim, serão enterrados

no meio de muito choro

e serão recordados

como bravos

mas com os anos que passam

a terra negra que os cobre

será também ela

levada pelo vento

que leva os nomes

os corpos

as vidas e memórias

de quem não morre

mas vai devagar esquecendo

o que eram as causas maiores

todas pedindo sangue

bebido por uma terra

que apenas ficou tingida

e agora se renova

pelas mãos de quem a limpa

e de novo erguem barreiras

nos corações que batem

no meio de tantos corpos

no meio de tantas vidas

que já antevemos 

perdidas



Monday, September 23, 2024

Outonos

 

Outonos

Chegou

com as suas chuvas.

O que nos trouxe agora

a seguir aos incêndios

do Verão

que não deu tréguas ?

O mundo arde na mesma

entre os pingos da chuva

as mesmas guerras...

O Tempo

 


O TEMPO

Quando escrevo

o tempo se alonga

quando não

o tempo se comprime

entre os ponteiros

do minuto contado

 não sei quando

nem como

do relógio parado 



Saturday, September 21, 2024

ALICE: o Como o Quando e o Porquê

 

Volta meia volta acordo com as imagens de ALICE, no seu estranho País de Maravilhas que ela percorre procurando entender. Não é isento de surpresas e mais interrogações...

Não é a Rainha sentada no seu trono, cortando cabeças a torto e a direito. O que se compreende, pois na cabeça está a racionalidade que expulsa a imaginação.

É  da pequena Alice que se trata, fugiu de casa, corre atrás do coelho, quer que ele explique a tanta pressa, de relógio na mão, gritando estou atrasado, tenho os ponteiros virados ao contrário...E corria corria com Alice a dizer, só quero que me explique o Como, o Quando e o Porquê..  e assim cai no poço escuro da infância, onde encontra a chave das soluções. Mas é uma chave imprevisível, ora grande ora pequena e demorou até abrir a porta para um espaço de maravilha.

O espaço e o tempo das demoras, que faziam o coelho correr cada vez mais, e já para a corte da Rainha, não deixavam Alice encontrar um caminho: os que havia mandavam para todos lados, e ele ia e vinha com uma surpresa que em nada respondia aos Comos e Quandos e  Porquês, que levavam Alice a sofrer com a falta de respostas. Mas a curiosidade é o motor das crianças, mal nascem e ainda no conforto do seu berço. 

A curiosidade move o mundo. Ali tudo rodava, ora sendo ora não sendo, e o Coelho continuava com medo, não respondia aos porquês. O porquê do crescimento, o porquê do que estava à roda e perturbava Alice. 

A descoberta do mundo, com outros mundos dentro.