Monday, September 25, 2006
Falando de Musica
Em momento importante de discussão do que deve ser o ensino, da literatura como da música, não fará mal ler ou reler este soneto de Florbela Espanca. Pela Tarde de Música, fala-se de amor.
TARDE DE MÚSICA
Só Schumann, meu amor! Serenidade...
Não assustes os sonhos...Ah, não varras
As quimeras...Amor, senão esbarras
Na minha vaga imaterialidade...
Lizt, agora, o brilhante; o piano arde...
Beijos alados...ecos de fanfarras...
Pétalas dos teus dedos feitos garras...
Como cai em pó de oiro o ar da tarde!
...
...
( in Florbela Espanca, SONETOS )
Ao contrário de Fernando Pessoa, que ouve ao longe a música de um piano, ouve o instrumento, não um compositor que de verdade o apaixone, Florbela, mais sensível e tão frágil que perde a sua vida de tão apaixonada que a viveu -ouve os compositores e com eles se vai identificando enquanto declara o seu amor. Primeiro suavemente e depois com uma violência arrebatada, própria das almas românticas do tempo.
Alberto Caeiro, XI
Aquela Senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem...
Para que é preciso ter um piano?
O melhor é ter ouvidos
E amar a Natureza.
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