AS GAVETAS
Eu estava bem arrumada
tranquila e mui
sossegada
com duas gavetas mentais
uma aberta outra fechada.
Na aberta tudo em ordem
com cuidado vigiada
qualquer um podia ver
que não se passava nada.
trocaram-me de gaveta
fui para a gaveta fechada
a outra ficou a um canto
como se abandonada
já não servisse mais
e a ordem não me fizesse falta.
Dei comigo tão confusa
num espaço desconhecido
ali tudo em desordem
eu sem saber fazer nada
a ordem da outra gaveta
alguém a tinha cuidada
mas ali ninguém estava
que ao menos me desse
a mão...
o esforço seria meu
que não estava habituada.
Perdida estava a Razão
a velha dona de casa
e ali só Emoção
uma louca tresloucada
num sótão desconhecido
de que nunca me falaram
e eu dentro de outra gaveta
também não desconfiara.
Agora como lidar
entregue ao desconhecido
numa gaveta fechada
que só eu podia abrir
para o tornar merecido
sem que ninguém me avisasse
caso houvesse algum perigo...
27 de Janeiro, 2025
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