Sunday, December 29, 2024

Yuval Harari

 Numa entrevista do Youtube vi que Harari, o grande sucesso do momento começava pelo princípio e fiquei a ouvir.

Por que razão existe o universo? Quem o criou e para quê? E como surge? Da mão de um Deus que só pode ser necessidade nossa de uma explicação? E como pode surgir do nada ? ex nihilo?

Pode alguma coisa surgir assim do nada?  De que modo, que até hoje, passados milhões de anos não conseguimos entender, nem explicar?

De um ponto negro que se amplia, como disseram alguns, até uma imensidão que uma circunferência  rodeia, sendo este círculo uma conferência que denominamos universo?

Mas o ponto negro onde se encontrava, para surgir de repente?

E mesmo aceitando estes pressupostos primordiais, não se responde à pergunta: para que serve este universo, esteja ele em expansão ou em contracção? A existência não tem uma função, por modesta que seja, não tem um sentido, de que falava Heidegger nas aulas sobre o que é Pensar? Pensamos para dar sentido aos sinais que nos rodeiam. Ou deveríamos fazê-lo. Será o universo um gigantesco sinal? E é cedo para o decifrar? 

Para que um deus (imaginado por nós) nele se reveja, se contemple e o leve à criação do homem? Quer isso dizer que o universo, que deus, precisaram do homem (e ainda precisam) para se conhecerem revendo-se nele ao retirarem a sua existência do nada? 

Harari explica que em Platão haverá uma resposta, a da cadeia do ser: the chain of being. Mas a cadeia do ser, por transmitir a imagem da circularidade da existência, pode antes levar-nos aos conceitos budistas ou hindus da eterna existência, morte e ressurreição, morte e renovação, eterna repetição, mas pouco ou nada dizem sobre o modo e justificação de um universo que surge do nada, não sabemos como.

Quando Harari refere a cadeia do ser julgo que está antes a sublinhar que a espécie humana, as criaturas em que nos tornámos ao fim de milhões de anos sobreviveram e evoluíram por funcionar como um todo unido - a cadeia - e que foi essa união que tornou a nossa presença neste planeta (não digo já universo) possível, até ver.

Segue-se outra questão, a do mundo global em que vivemos, e que tudo transformou nesta nossa vivência, melhor diria existência. É um facto, que o mundo tenha mudado. Para melhor? Para pior? O futuro irá dizendo, se a espécie tiver futuro. Pois tem hoje na mão um imenso poder, o de se auto-destruir querendo destruir o outro a que não reconhece direito à existência (veja-se o Médio-Oriente). A questão como Harari explica com uma clareza indiscutível, é que o problema não reside no território, - há que chegue o bastante para dividir - nem na comida, nem na água que abunda do mesmo modo e sim na IDEIA. A força de uma ideia entranhada por más razões, mas sobrevivendo ao longo dos tempos e das gerações que se sucedem é invencível e nenhum argumento, por generoso que pareça ou seja, a poderá derrotar, no espaço fechado da mente que a assimilou de uma vez para sempre. Estamos no questionamento do poder da mente, e aqui entrará a questão da Inteligência Artificial.

Até que ponto algo de verdadeiramente novo na evolução humana, e que ainda não conhecemos por completo nas suas implicações futuras poderá modificar, manipular (para o melhor e para o pior) modular o lado orgânico, humano, da espécie que somos?

E agora pergunto eu, de que modo passaremos ou não a entender o cosmos, de que mão nasceu, pois sabemos que não é daquela que Miguel Ângelo pintou, como surge e para que fim ignorado ainda?

Triste seria que fosse para uma sub-humanidade de plástico ou metal, imitação da anterior, cruelmente falsificada, e em vez de ter atingido alguma forma de sentido e felicidade apenas se movesse num circuito fechado, existindo sozinha e apenas para esse isolamento, num cosmos que continuaria sem ser compreendido.


3 comments:

Rita Roquette de Vasconcellos said...

Belo. Deixo um abraço grande e desejo que 2025 seja um ano muito bom. Beijinho

Yvette Centeno said...

Querida Rita que a tua imaginação continue assim, risonha e feliz como te vejo, e que bom que venhas ler por aqui alguma coisa...espero para 2025 um livro, escrito ao longo, devagar, poemas de 2024...Feliz Ano Novo!

Anonymous said...

Esperamos as duas então ♥️