RILKE (1875-1926)
Dia de Outono
Senhor: já é tempo. O Verão foi enorme.
Espalha as tuas sombras no relógio solar,
E solta enfim os ventos nas planícies.
Ordena crescimento aos frutos em atraso;
dá-lhes apenas mais dois dias de sul,
faz que amadureçam e apressa
o último adoçar na espessura do vinho.
Quem não tem casa ainda, já casa não terá.
Quem está sozinho agora, mais tempo ficará,
há-de acordar, há-de ler, longas cartas escrever
e há-de passear para cá e para lá nas alamedas
vagueando inquieto, sobre as folhas que caem.
Outono
Caem as folhas, caem lá do alto,
como se murchassem longe os jardins do céu;
caem como que negando a sua queda.
E a terra, pesada, ao cair das estrelas
entra na solidão das noites.
Todos nós caímos. Cai esta mão aqui.
E olha para a outra: está em todas.
E há Um, no entanto, que suavemente
guarda nas suas mãos essa infinita queda.
(versão livre,Y.K.Centeno)
1 comment:
Yvete, que bela seleção de poemas, parabéns! Eu estou passando por aqui para divulgar meu projeto livro em folhetins, publicado através do site http://atoboga.com/ , que narra a história de uma garota que vai lentamente enlouquecendo. Seria muito legal, se você pudesse dar seu feedback! Abraços
Post a Comment