«E "o dia livre e claro" surgiu, e de fontes ressequidas jorraram utopias e sonhos que várias gerações juntas fizeram seus, perseguiram e concretizaram como sabiam e podiam. Ou não souberam e não puderam. Não sei rememorar este tempo de outro modo. Que se tenha chamado Revolução e assim o tenha vivido é agora mais motivo de dorido esgar de resignação que de lamento por uma oportunidade rechaçada. "A revolução já acabou. Naquele país só há ódio", terá desabafado então Jorge de Sena… Hoje, que o sol já vai bem alto sobre esse horizonte, sobejam apenas migalhas do pão farto então avidamente devorado, restam escorropichos do vinho generoso sofregamente engolido e tudo está amorfamente reconduzido a uma nova velha ordem de mitos avulsos e baços, iguais a coelhos saltando para fora das cartolas de uma ubíqua tecnologia, de que muitos têm pressa de usufruir sem pensar, mas de que só alguns gozam plenamente. Acaso só aqueles que nunca souberam o que significa ter de ansiar pelo "dia livre e claro" e para quem a noite era, é e será sempre luz bastante.»
Estamos seriamente precisados de um novo «dia livre e claro»...
5 comments:
Diria antes "à luz de Sophia".
homem da cave
H.C.
Onde há luz há sombra...mas sim, podia ser à luz de Sophia.
Cresci a ler os seus poemas.
Venho aqui com imenso gosto e curiosidade.
Maravilhada ...
Nomeei este blog no meu " caderno de campo "
Obrigada
BlogAbraço
«E "o dia livre e claro" surgiu, e de fontes ressequidas jorraram utopias e sonhos que várias gerações juntas fizeram seus, perseguiram e concretizaram como sabiam e podiam. Ou não souberam e não puderam. Não sei rememorar este tempo de outro modo. Que se tenha chamado Revolução e assim o tenha vivido é agora mais motivo de dorido esgar de resignação que de lamento por uma oportunidade rechaçada. "A revolução já acabou. Naquele país só há ódio", terá desabafado então Jorge de Sena… Hoje, que o sol já vai bem alto sobre esse horizonte, sobejam apenas migalhas do pão farto então avidamente devorado, restam escorropichos do vinho generoso sofregamente engolido e tudo está amorfamente reconduzido a uma nova velha ordem de mitos avulsos e baços, iguais a coelhos saltando para fora das cartolas de uma ubíqua tecnologia, de que muitos têm pressa de usufruir sem pensar, mas de que só alguns gozam plenamente. Acaso só aqueles que nunca souberam o que significa ter de ansiar pelo "dia livre e claro" e para quem a noite era, é e será sempre luz bastante.»
Estamos seriamente precisados de um novo «dia livre e claro»...
Cumprimentos, cara professora!
:-)
Quem me dera, um dia, escrever assim.
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