Friday, March 23, 2007
ERATA
LABYRATIONEN. Livro de poesia e arte editado na Erata que não descura a literatura e a arte em complemento ou confronto.
Aqui poeta e pintor entendem-se quanto ao que desejam dizer: um desabafo severo contra a imprensa que comparam à lama das ruas, à folhagem caduca, entre outras coisas.
Adivinha-se um exercício de fronteira entre o perene, a obra de arte, a poesia, e o efémero, a vaidade de um círculo poderoso, é certo, mas que não ficará na memória do tempo.
Os autores são Michael Goller e Mike Wassermann, ambos pertencentes à geração que convive com os Media e por isso sente que pode relativizar o seu peso, a sua dimensão.
As imagens fortes de cada estrofe são lama, pó, insecto, folhagem caduca; o pintor desenha um jornalista de microfone na mão mas já percebemos que para ambos os criadores aquela voz, ainda que ampliada, é uma voz pequena.
Eis o poema:
À IMPRENSA
Vós sois
a lama que salpica
as ruas.
Vós sois
o pó
chamuscado
na luz.
Vós sois
o insecto
que pica
e zumbe.
Sois
como a folhagem
que cai no chão
e morre.
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5 comments:
Extraordinário.
É a nova geração de artistas que em Leipzig estão a ser divulgados, pela mão de um editor jovem e descomplexado.
Fica a pergunta : e nós aqui ? Ainda que celebrando a Europa com pompa e circunstância...
Da celebração da Europa, em Portugal, só resta mesmo a pompa e a circunstância, e mesmo essa pouco pomposa e circunstanciada, veja-se a vergonhosa exclusão de Mários Soares das mesmas celebrações.
Ainda bem que vão aparecendo jovens editores descomplexados, que ARRISQUEM a divulgação de novos artistas. Também precisávamos!
Enquanto Mário Soares é excluído, como se o país desejasse apagar história e memória (Ah, mas o país NÃO É OUVIDO e não foi o país que tomou essa decisão...foi alguém por ele...) Manuel Alegre, outro dos pilares da nossa memória e da nossa história lançou o romance RAFAEL nesta mesma editora jovem : era a Feira do Livro de Leipzig, e a celebração ali da Europa que se deseja: livre e FRATERNA, para não dizer GRATA a quem ajudou a que se afirmasse.
o desenho é fantástico, o poema também. parabéns pela escolha.
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