Saturday, October 25, 2025

  SABEDORIA

Ainda não acabei de entender

o outro poema, só aparentemente mais fácil

já tenho aqui outro que impõe uma leitura que é 

ainda mais difícil, nada é fácil com a poesia

 de Nuno Félix da Costa

que carrega sempre uma noção científica e ou 

filosófica entre as linhas do poético.

Procuro então entender o poético.

Mas não é fácil o poético, porque também aqui

as linhas dos versos, por não ocultarem mistérios

mas revelarem o o normal quotidiano do gesto 

 ou da situação repetida, conhecida, nos deixa entregues

a uma perplexidade inesperada. Como pode o banal

ser poético? Onde me fixo? No título? Sabedoria?

Um mundo tão abrangente que se torna para um leitor comum

impossível mesmo de entender. Pode saber-se tudo e isso

é Sabedoria? Ou não saber nada e isso sim ser Sabedoria?

E porquê querer saber, se se morre na mesma, sabendo ou não sabendo?

Nada sabemos do que é revelado depois, como não sabíamos

 do que não foi revelado antes. 

Faz sentido escrever, como busca de solução?

Ou é mais sensato não fazer nada, deixar o tempo seguir

o grande devorador do passado e do presente

com todas as palavras possíveis 

a grande roda gigante que um dia nos vai engolir?


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