O COVEIRO
Não é velho
como se julgaria
é um jovem escanzelado
preso numa terra funda
como se já enterrado.
Mas vive ainda
tem uma pá na mão
e escava
escava
o que sabe ser
a sua cova futura
de antemão antecipada
enquanto se aguenta de pé
cumpre a missão que lhe deram:
escava, enquanto fizeres assim
não mataremos o irmão
que vamos incinerar
negando as ordens do deus
que seja deitado em terra,
ou nunca chegara ao céu
que o mantinha esperançado.
E ele então já exausto, dão-lhe água suja
a beber, escava e escava de novo
olha a cova já aberta
tem a forma do meu corpo, diz,
filmem bem o que nos fazem
deus os castigará
esta cova é a do mundo
viverão filhos e netos
neste paraíso imundo
5 de Agosto, 2025
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