AS PALAVRAS
Antigamente eram muitas
e eu podia brincar com elas
como as crianças brincam:
frio, frio, morno, quente!
Estão aqui.
E agarrava a palavra escondida
e ou gritava para os outros saberem
ou escrevia.
Agora nem escondo, nem procuro,
aprendi com o tempo
que não é da palavra que se trata
mas desse estranho sentimento
que não larga enquanto o sentido
não se encontra.
O sentido, escondido na palavra
que se embrulha na boca
e que o tempo desgasta
até que se torna impossível
de dizer.
Brincadeiras antigas já passadas
não ajudam ao sentido que permanece
oculto, inacessível, dentro das bocas
fechadas.
É o tempo que as fecha
é o tempo impiedoso
que devagar obriga a um total silêncio,
já se acabou há muito a hora de brincar
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