O eu e o outro:
É preciso ser outro
para entender os outros.
Sim, mas como ser outro
se já o simples ser
Somos, mas não sentimos
nem sabemos o que somos
a aventura começa logo ao nascer,
viemos sem saber como nem de onde.
O eu irá ser construído, ou destruído,
enquanto o tempo passa
e como entender então o que é o outro
se o tempo passar depressa
sem permitir que se conheça o eu
enquanto outro
atento a si, e aos outros?
Como se definirá uma tal existência
uma revelação que amplie o sentimento
de ser um e o outro, de ser todos
ou de não chegar a ser nada nem ninguém
sendo contudo o rasto de algo que ficou
uma semente que aguarda, uma poeira
ténue esperança de que haja um momento
para si e o outro, para ambos
No comments:
Post a Comment