Friday, August 09, 2024

 QUIETUDE

 Penso na quietude

quando me entrego à música

ao silêncio

que existe dentro da música

ou de algum quadro que aprecio

em especial e revejo muitas vezes

como se folheasse um livro

já tantas vezes lido, mas em cujas páginas

me sinto protegida do ruído exterior

que vai corroendo as nossas vidas...

de que ansiedade nasce tanta agitação

tanto ruído, tanta pressa num quotidiano

que não chega a ser vivido plenamente

é tanta a exigência, perdem-se os pormenores

as entrelinhas mais preciosas do que as linhas

que nos empurram na vida e fariam se pudessem

da vida uma outra vida, de quietude e silêncio

esse tempo negado porque a pressa o apaga

e o que seria um poema é corpo atropelado.

 

7 de Agosto, 2024 

4 comments:

Anonymous said...

A nossa idade dá nos uma metamorfose, ao isolar mo nos transformamos barulho em silêncios e a vida agitada em doce calma povoada por agradaveis afazeres.

Matteo said...

Oxalá fosse Agosto o ano todo, oxalá fosse simples, oxalá a sociedade fosse menos doentia, acelerada. Para onde vamos, quando estamos com pressa? Tanta pressa é para sermos felizes?

Yvette Centeno said...

A simples suavidade de estar, sem mais...

Yvette Centeno said...

A juventude, como na infância, é a pressa de saber mais, não perder o momento. A maturidade é ter aprendido que nada foge, chegará no momento devido, quer se corra quer não. A velhice não é imobiliddade, mas é de novo inquietação...