VIVER BEM.
Este foi desígnio do Senhor que concebeu os espaços:
Escolher as cores, os tons suaves,
sóbrios, que dão tranquilidade
ao corpo que se estende cansado
depois de uma viagem que aspira
àquele momento de fim de tarde esbatido
tardio mas feliz, porque será bem vivido
até que o tempo se esgote e algum regresso
se imponha. Viver bem entretanto é o que
os deuses concedem e até o regresso deixa no ar
a certeza de que haverá outro dia, outro final de tarde
outro voltar. O Senhor dos espaços teve o cuidado
de rasgar aberturas nos telhados e nos terraços
que se alongam sobre um chão desenhado
macio também ele para o recém-chegado.
Ali se pode ver o céu, se pode andar descalço
esquecer que o Abencerragem fora o rei maltratado,
e escondido nas grutas do deserto sonhava também ele
voltar um dia a ser amado. Sonhava com uma lua nova
e com as ondas do mar que ali se ouviam e o poderiam levar.
Viver bem, amar e ser amado, num espaço aberto ao tempo
que assim foi desenhado.
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