SEMENTES
É na hora de morrer
que pensamos nas sementes.
O jardim fica tão longe
já esquecemos o caminho
que nos podia levar
e nos podia trazer
de volta com as sementes
que devíamos plantar.
Sementes de vida fértil
de vida continuada
em árvores que já outrora
tinham sido abençoadas.
Tinham frutos comestíveis
garantiam gerações
que os Anjos protegeriam.
Mas onde estão esses Anjos
cujo abraço mete medo
aos poetas que preferem
um passeio descuidado?
Os poetas temerosos
não se atrevem
às perguntas mais difíceis
passeiam para esquecer
que tinha havido sementes
que tinha havido um abraço
um grito que se abafava
um espanto para dizer.
14 de Abril, 2024
(para os dois Luís Galego)
1 comment:
Maravilhoso
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