Saturday, March 25, 2023

GATOS , para o João

 

Ele quer mimo,

tem um gato.

O gato

também quer mimo

e busca na cama fofa

o seu lugar mais quentinho.

Primeiro na almofada

mas é só para enganar

ele quer mimo no pescoço

do seu dono a dormitar

e logo a seguir

no seu rosto

escondido sob o lençol

que ele ajuda a destapar.

Calor a mais não é bom

estraga o mimo procurado, 

e o gato deseja agora 

 o seu peixinho sonhado.

Tanto amor liga estes dois

nunca dormem separados

onde está um 

está o outro

este mimo é de durar.



Ainda o Tempo

 

Descubro que afinal

não vivo o Tempo, que

o grande Heidegger definia 

como essência que dava ao Ser

a sua parca existência.

E digo parca

porque o Tempo será talvez eterno

se confiarmos nessa filosofia

ou no cosmos que é 

 também ele um infinito 

segundo agora se afirma.

Mas esse Tempo não é nosso,

ensina a experiência de vida,

o nosso é o tempo pequeno

o tempo feito dos dias

que hora a hora se vivem

na busca inútil do Ser

que Heidegger definia.

Também o Ser é pequeno

conforme o tempo vivido

conforme os dias que passam

afinal vão permitindo.

  

Abraços

 

Foi um abraço

tão quente

que me levantou 

do chão...

e afinal foi nesse abraço

que parou o coração.

Eu não podia saber

tão grande era a minha alegria

e tão grande a emoção

que já me tirava a vida

que eu julgava devolvida

mas que em silêncio fugia

e sem que eu visse a razão.

Tanto amor à sua volta

entre gestos desejados

embora nunca pedidos

mas de novo renovados

em cada dia passado

numa ilusão fugidia...




 Sábado.

Já sei que é um dia morto,

 não é rei morto-

rei posto,

não obedece

ao lema tradicional.

Teremos de atravessar

este dia, faça chuva ou faça sol

dia de mediação

ora de sim ou de não

conforme acordamos cedo

com boa disposição

ora pelo contrário

quando as horas recusadas

sabem a  horas mornas

que nem o café sacode

afinal são horas mortas

 reviravoltas na cama 

procurando o travesseiro

que já pusemos de lado

e agora queremos de novo

ele ao menos fica inteiro

escapa-se dos lençóis

que são mar traiçoeiro

sem nenhuma inspiração

 que nos dê um novo impulso

até que chegue o Domingo

que se vive menos mal. 


Tuesday, March 21, 2023

IDEIAS

 Ideias (terá dito Mallarmé...)

Ideias

nada são sem palavras

não se encontram por aí 

à venda nos mercados

temos de as procurar

com paciência e cuidado

em espaços recônditos

da alma

difíceis de alcançar

muitas vezes teremos

de esperar

podemos até morrer

sem as ter encontrado

e talvez um dia por acaso

alguém

venha a tropeçar nelas

e sem pensar em nós

exclame olha que sorte

palavras tão buscadas

para uma ideia nova

 só agora nos surgem

tendo escapado à morte...  

Monday, March 20, 2023

DESEJOS

  Desejos

Altos são os desejos 

de quem tudo pede aos deuses

e não aguenta a espera

a que o obrigam...

os deuses não respondem

a esse tudo ou nada

tão repetido

tão cansativo

tão intenso

e que consome por dentro

as energias

e pior

as alegrias

que seriam possíveis

sem pedidos

nem gritos de lamento...

os deuses são assim

por vezes mais atentos

outras vezes cruéis

na réplica do que sabem

da natureza humana

que desprezam

mesmo quando fingindo

que parecem ajudar...

não peçam,

não clamem

não desejem

é esse o meu único conselho

dos poucos que tenho para dar.

 

Lisboa, Março 2023

 

 

Saturday, March 18, 2023

CRIAR

 Se me perguntassem eu diria

 criar é transformar.

Não é repetir

muito menos imitar

é simplesmente 

transformar. 

Talvez uma norma alquímica

 ajudasse

ver como os sábios trabalham

a sua matéria espessa 

criando com ela o branco

passando do chumbo ao ouro

da negra escuridão

à luz

a primeira que Deus tirou

da criação.



Friday, March 17, 2023

JOSÉ LUÍS FERREIRA, ELE AINDA NÃO SABE QUE MORREU, 2022

 É um título algo enigmático. Quem é esse que não sabe que morreu? Um velho com Alzheimer? Um avô, um pai ou um amigo? Estamos todos tão velhos, e tão à vista de quem nos olha...

O volume, de contos, breves, de leitura rápida, mas não simples, faz-me pensar que os autores que não estão debaixo do chapéu de chuva das grandes editoras têm de fazer pela vida, pois desejam ser lidos, e assim vão aparecendo ora em editoras ditas pequenas  - mas que são as que sobrevivem, contra tudo e contra todos e nelas se refugia a outra literatura, quantas vezes melhor, mais livre e arrojada - e nela se encontra um outro prazer de ler em vez dos temas recorrentes da moda...

A editora de Luís chama-se cinco livros. E é no Porto que está localizada. Curioso como no Norte o desnorte parece ser menor, a actividade resistente é maior, em comparação com Lisboa. Circula-se mais entre amigos? Ou é só um acaso?

José Luís Ferreira tem, aos 60 anos, já vários livros publicados. Este é um bom momento da vida, em que o prazer, ou a necessidade de comunicar pela palavra ainda não se perdeu. Agora, que se vive mais tempo, Jung chamaria aos 60 anos, como antes chamava aos 40-50, o meio da vida, o tempo da maturidade, do equilíbrio da Anima, do reconhecimento das pulsões do inconsciente revelados de forma indirecta em símbolos e arquétipos que podem ser recolhidos nos sonhos.  A arte da Alma (Anima) é próxima da arte da jardinagem. Mas não vou falar aqui de alquimia, são tantos os seus jardins, o espaço que o post me permite não chegaria.

Falarei então do José Luís, do seu volume de contos. Recebi, mas não acusei logo a recepção, o livro tinha sumido da minha vista. Um cavalo (da alma?) trouxe-o de volta. Há uns dias o autor interpelava-me via facebook, onde vou cada vez menos, estou a ver muito mal e as gralhas não podem ser corrigidas, um irritante, diria alguém que manda em nós todos. Diga-me só se recebeu o livro. Como quem diz, não quero que leia, mas diga se recebeu. Ora bem, recebi, e estou a ler.

Leio e escrevo devagar, tanto quando se trata de mim como quando se trata de algum outro. Não escrevo sobre o que não li...defeito meu. 

Mas estou a ler, e ocorrem-me autores como Lautréamont, os Cânticos de Maldoror, pela intensidade de uma prosa poética que se situa no limar de ambos os géneros: é um livro solto, de contos, alguns breves - o que é arte difícil e de elogiar - outros com uma ou duas páginas mais. Interessante é que não sendo poesia a linguagem está carregada de imagens, como se fosse. E esse aparentemente simples facto muda tudo no género conto que nos é apresentado. Temos de reler, para saborear uma linguagem que não se espera, nesta narrativa. José Luís surpreende, essa surpresa que prende obriga à releitura, a um novo pensamento, uma nova abordagem da sua originalidade. 

As palavras que escolheu para a contracapa, onde se descreve a relação com o que não sabe que morreu, adquirem especial peso no final, com a frase sobre os caminhos que "nunca percorreu, a utopia e o abraço". Utopia e abraço. Visão e sentimento.

Muitos do contos são poemas de amor, na verdade, ainda que em prosa intensa. E em todos uma reflexão filosofante, sobre a circunstância do ser e do amar. Amar não chega, a consciência de uma permanente finitude entre desejos não deixa que o amor se torne numa experiência única, irrepetível. É a condição humana a que nem o poeta, ou narrador mais inspirado, poderá fugir: "estranha é a eternidade, a proximidade da emoção" (p.36).

Se retomarmos a frase citada na contracapa, a utopia e o abraço, torna-se claro que estamos perante o desejo (o corpo) e a realização (a alma), seja na vida real ou na sonhada, e de todos os modos pela palavra perseguida e carregada de sentido, um pouco no seguimento de um Herberto Helder, nos seus Passos em Volta.

"Eu sei, raros são os sonhos e os lugares profundos" (p.44).  Sem dúvida, daí a dificuldade de dizer, primeiro de modo quase displicente, indefinindo os géneros literários seguidos, prosa? poesia? depois intensificando a expressão do desejo que já não se oculta, se manifesta, se afirma e se declara ostensivamente.

Sem índice que ajude, acaba o livro, mas fica aberto ao folhear de acaso do leitor. 





Thursday, March 16, 2023

Reflexão para um Amigo, Vítor Gameiro Pais, Lucília e Cecília, um conto.

 Trata-se de uma pergunta sobre um Conto, o que é,  afinal.

Foster definia o género Conto pelo limite de número de páginas, narrativa curta não mais de 30 a 50 páginas. A partir daí seria novela, ou romance, se ainda maior. Mas na verdade há narrativas curtas, short stories ou mesmo curtíssimas, a partir do momento em que os Modernistas alteram ou mesmo destroem os conceitos de género.

Mas a pergunta que me faz um amigo é outra, se pode ser conto uma prosa que escreveu e me pediu para ler. Leio. Não é a dimensão que interessa, mas o modo de escrita. Vê-se que escreveu  um texto quase neo-realista pela atenção ao pormenor, ao detalhe, desde o cheiro do autocarro à irritação que lhe causa uma velha que lhe passa à frente. Ele, que chegou primeiro ao lugar, não se dispõe a levantar-se e a dizer-lhe sente-se aqui. Mas alguém que o irrita ainda mais ofereceu o lugar. Chama-lhe idiota. Está a adjectivar quem o aborrece, nesse dia que parece de todos os aborrecimento, numa curta viagem de regresso a casa.

O regresso a casa, eis um bom motivo literário para desenvolver, mesmo não tendo lido a obra dos vários psicólogos que se ocuparam dele.  O mesmo do autocarro, que é mais caixote onde se empilham humanos, ou mesmo caixão, de gente que ainda não morreu e ali fechada se revolta e enche de pontapés a tampa  que desceram.   

O tom é de alguém que está vivo e contrariado, a quem tudo aborrece, e é desse aborrecimento que dá conta. 

Se pode ser um conto? Pode, mas espera-se que tenha uma continuidade de outros que se lhe sigam e formem um volume, que diremos de contos. E quanto a este em concreto é mais quem sabe um começo, a que o conjunto de outros definirá a questão (que muitos desejam) de "género".

Assim sozinho leio o conto como uma narrativa que poderá ser, ou não, um "arranque" para o autor continuar a sua escrita, de que sente falta.

O que ele deseja é escrever, continuar a escrever, o que não lhe tem acontecido. Sente a falta desse exercício da palavra, a que exprima os seus sentimentos, seja em prosa ou em verso (ele também escreve poemas). A pulsão da escrita surge, não pode ser imposta, apenas desejada, mas quem sabe se esta narrativa de autocarro, ainda que de zanga com o mundo à volta, será já um princípio? O que vier a seguir dirá. Em vez de conto pode vir a ser uma página de diário.

Os modos amargos,  de tom coloquial ou mesmo com algum termo mais grosseiro pelo meio, estão na moda. Cultiva-se a inquietação, a impaciência, a infelicidade da auto-comiseração. E tudo de modo apressado, não vá a palavra fugir. Mas o que fica, além da ideia de ser conto? Ser breve não é só por si uma qualidade literária. E um olhar desabrido sobre o mundo real também não. O que falta, na escrita, é a surpresa que nos deve trazer, a originalidade, a inovação de algum acontecimento numa banal viagem de autocarro com a vontade expressa  de chamar nomes e embirrar com tudo e todos à partida.

Nomear as gotas de chuva que bateram no vidro, com nomes femininos, normais, nem ao autor / narrador, pareceu suficiente. Uma gota de chuva pode ser tanta coisa, há tanto simbolismo na água que embate nos vidros, cai no chão, na rua, nos regatos, no mar...Claro há também o feminino na Água, de cuja espuma surge a Vénus tão aclamada. Daí que as nomeie. Mas estão longe de ser a mítica figura...Podiam ser reflexo, espelho, diamante inclusive se limpas e brilhantes.

Já temos aqui matéria a explorar, a casa, o regresso, ( o que é um regresso tão contrariado? O que diria Freud?) a água, de simbolismo insofismável é só procurar (em Pessoa falei da água e da morte, mas não quero impôr o meu exemplo, procurei no seus poemas e encontrei).

O autor precisa de continuação, de mais contos, sejam curtos ou longos, mais subjectivos ou objectivos, realistas ou surrealistas, mas apontando para um outro nível, que me leve a dizer, isto é literatura. Este conto não surpreende, apenas confirma um determinado estado de alma. O desejo da escrita. 

E agora caio na minha própria esparrela, o que define afinal o que é  ou não literário?

Como em Heidegger, o que é Pensar?

O filósofo socorre-se de Hoelderlin, o célebre verso de sermos um Sinal que perdeu o Sentido, no Hino à Memória. Pensar é procurar o Sentido perdido. Pensar o Tempo ? Como no enorme O SER E O TEMPO? Como pensar um e outro? Viver um e outro?

Poderemos aplicar este verso à literatura, à criação poética?

É o Sentido, tal como no Pensamento, que confere outro estatuto ao que escrevemos? Cada autor é um só, e deve ser lido como tal. Voz única em cada único momento. 



 


Monday, March 13, 2023

Se pudesse dormia. 

Tão breve a noite,

tão longo o dia...





 

Capuçon e Wang

(Franck e Chopin)

Chora o violoncelo

o piano responde

neste cair de tarde 

em que ressoa a morte

os corpos caídos arrefecem

abandonados não ouvem

 a dôr destes acordes

Friday, March 10, 2023

Oníricas, de Ana Marques Gastão

 Quem já conhece a obra de Ana Marques Gastão não estranhará que o título contenha um duplo sentido, que nos faz pensar (tudo o que ela escreve nos obriga a pensar, não deixa que fiquemos pela rama).

Oníricas, um conjunto de sonhos que transformam as sensações, as memórias que ficam, em poemas? Ou poemas que aspiram a ser sonhos e permitam aos sonhos essas revelações contidas neles?

Ana dá  no Prefácio um fio condutor de leitura a quem não entenda por completo a subliminal cultura, o desejo do risco na página do poema, para mostrar que na arte tudo é expressão, mas também que tal como nas crianças riscar é exprimir um movimento, um impulso carregado para o próprio (e quem sabe para quem está ao lado) de algum sentimento inesperado? 

A arte é o inesperado. Sem surpresa não há arte, e o poeta bem sabe que muitas vezes, sem ele pedir nada, o verso o toma e surpreende, e ele então não faz mais do que obedecer, empresta a sua mão, a sua imaginação, e deixa fluir ideias, imagens, pensamentos. 

Heidegger reflecte sobre o que é PENSAR. Ana reflecte sobre o que é CRIAR. Em ambos uma raiz comum,  um Sinal que adquiriu um sentido, e na inovação do pensamento, ou do poema criado se manifesta. Aqui se relembra Hoelderlin, o seu hino à memória.

Dou a palavra à autora:

"Os poemas de Oníricas nasceram, na grande maioria, da transcrição de sonhos ocorridos durante décadas. Partem, por isso, da leitura sistemática de uma colecção de cadernos que fui reunindo. Apesar de o convívio próximo com o mundo além-consciência e a leitura e a escrita terem funcionado como instrumentos de um método experimental, só o processo de transfiguração poética me permitiu reflectir, do modo mais livre possível, sobre o universo da palavra por meio da qual nem a mão sabe por onde vai".

Escreve, mas não partilha do culto da escrita automática de um Breton, pois a sua escrita é cuidada e revista, talvez porque emana de um fundo que ela conhece bem, o mundo dos arquétipos que se revelam nos sonhos que se apontam. Outros não se apontam, não pertencem ao outro mas apenas a este mundo banal, mais quotidiano. 

Curiosamente, como em Nuno Félix, ou Rosário Pedreira, que neste ano falaram sobre o corpo (humano, como se houvesse outro, que fosse apenas onda e não matéria) também Ana tem um conjunto que tem por título CORPOS. 

Interessou-me especialmente, pela relação com os anteriores e as suas publicações. Os corpos sofrem e em tempos de guerra o despedaçar torna-se tão visível que nos dói a sua dôr. Mas também dançam, no seu balançar, estes corpos de cuja morte, sem a citar, se fala: "dança de pé com os pés /  e agora larga o chão, / a prisão, a terra / o falso balanço da vida."

Pensamento de que se é salvo pela palavra poética.

Adiante, em TRONCO, é descrito o processo de salvação, os olhos fechando sobre um apelo : " torna-me informe, / diz o meu nome / pede-me o que nem sei imaginar. / rouba-me o poema...." culminando numa série de fragmentos que levam ao verso final " até o coração rebentar".

É isso, não uma implosão no onírico, mas uma explosão na palavra.

Só a palavra salva. Ao princípio era o Verbo...e o Verbo se fez Carne, não pode haver Deus sem Corpo,  Espírito sem Matéria, Poesia que não nasça de um profundo Silêncio onde o sonho se esconde e o coração bate.


 


O DIA E A NOITE

 

Ao fim da manhã

se pudesse dormia.

Quero a noite

de dia

já que de noite

tenho o dia...


Tuesday, March 07, 2023

A pergunta

A pergunta foi esta: 

como é o seu dia?

Fiquei a pensar

como é de verdade

o meu dia?

Acordo cedo

e não queria acordar

foi um empurrão

da madrugada

que me tirou do sono

quando eu estava a sonhar.

O resto é um rito banal

café quente

notícias da guerra 

que leio no jornal.

Ao país prefiro não ligar.

Saturday, March 04, 2023

Rotinas

(Porque hoje é Sábado, lembrando Vinicius de Morais

Velhas rotinas

não se recuperam mais.

Vamos criar as novas

sem abdicar do café

logo de manhã 

para ajudar melhor

a sacudir o sono

que ainda sobra da noite

e um pouco da madrugada.

O que fazer do dia

que aparentemente 

não oferece nada? 

Medir a tensão

está bem

e não esquecer de tomar

os eternos remédios

que sustentam a vida.

 A guerra continua

e ninguém quer a paz

não há melhor negócio

o dinheiro que traz

para todos os lados

eterno é o negócio

e penso nesta rotina

esta é a que eu não queria

mas é o que o tempo dá

as imagens de horror

de velhos e crianças

que em breve morrerão

quem podia fugiu

e quem ficou

vai varrendo as ruínas

é a sua rotina.

E eu que faço da minha

em cada novo dia? 

Acordar é bastante

dirão alguns amigos

tão grande a desolação

tão grande a monotonia...

Não sei se afinal é bom 

viver tempo demais.