Thursday, February 02, 2012

ARNAU PONS : a palavra que ofusca

NOITES QUE FABRICAS, rigorosas;
as mãos na
clara-sementeira das centáureas
o sangue derramado exposto
ao vento,

Tantas estrelas quantas podes abarcar,
tanto negrume de nuvens, tantos
desastres de chuva, as imagens do mundo
destituídas,

tudo isto se abre,
decresce
extingue-se apenas

dentro da cesura, um corte
de miséria com
os tenros anos no cardal,
de novembro a novembro,
dentro das gaiolas,
como os tão vãos
ofiúros da videira, com a dormideira,
junto aos duplos reinos:

entre os dedos toda
aquela escuridão que estagna, eterna;
mais nada.

1 comment:

Yvette Centeno said...

Em diálogo com Paul Celan, seu poeta de eleição...