Fica-se logo a saber, na introdução, que estes livros resultam da tradução feita por um cristão do séc.I, convertido e conhecedor do hebraico e do aramaico e que achou útil dar a conhecer esta versão, mais antiga, dos livros sagrados da Bíblia, dos espaços onde decorreriam os momentos da História de Israel. O Aramaico era a língua de Israel, da Síria e dos imensos territórios férteis da Mesopotâmia, então a Pérsia e a Babilónia e os berços da civilização e mesmo até, diz o autor, do Jardim do Éden.
Era esta a terra de Abraão, de Isaac e de Jacob, em que todos falavam em aramaico, há mais de dois mil anos. O primeiro livro do Génesis está em aramaico, de que o autor da tradução vai dando alguns exemplos.
Para mim o interessante é ver em que pontos difere, esta sua versão, da tradicional, conhecida, da Bíblia de Jerusalém. Começando com as primeiras linhas da Criação, não se notam diferenças. Os episódios, a expulsão do Éden, a morte de Abel por Cain, as gerações e a multiplicação pela terra, que Jeová ordena, mais do que uma vez, o desgosto com os pecados das suas criaturas, a excepção de Noé, nada por aqui me suscita interrogação.
Mas chegando ao capítulo 6 é interessante ler o que se diz: os filhos do homem começaram a multiplicar-se Na face da Terra e tiveram muitas filhas. "os filhos de Deus viram como eram belas as filhas do homem e ficaram com elas todas" o que lev a Jeová a dizer que o seu espírito não perdurará no homem porque ele é feito de carne, e viverá até aos 120 anos ( antes podiam viver até aos 800 anos, e a partir de agora é imposto um tempo certo, e este limite dos 120 anos, o que hoje em dia está a ser quase verdade, no nosso tempo actual...).
Segue-se a referência aos Gigantes, Homens Poderosos, filhos desta união dos filhos de Deus com as filhas do homem, e que seriam os heróis míticos e "da fama" dos tempos antigos.
Poderia o autor estar referir-se a Homero, à sua obra por onde tudo passa, de mitos e de lendas, que a memória arcaica foi fixando? Lembro Polifemo, o Gigante de Rodes, de que se encontrou um pé..haverá outros, como Golias ou como os que surgem nos contos populares.
Segue-se o desgosto de Jeová com a humanidade que criara, e a decisão de ajudar apenas Noé, indicando-lhe como fazer a sua arca de salvação e levar um par de cada criatura animal e humana, para escapar ao dilúvio.
A numerologia é algo de tão frequente e tão fundamental, nestes escritos, que de facto se torna uma verdadeira ciência, que só os peritos, os kabalistas podem entender.
Mas para mim, no episódio sobre o alfabeto e o significado de cada letra, a começar pelo Aleph, foi muito interessante que significa o NADA, e não como podemos pensar o VERBO primordial.
Primordial foi o Nada e nesse Nada tudo teve a sua origem.
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