Neste ano, em que não sei porquê se organiza, como se nunca tivesse existido um encontro Brasil-Portugal, quero lembrar que nunca foi preciso oficializar um conhecimento de longa duração e de muitas amizades estabelecidas, pelo menos, no meu caso, desde os anos 60!
Vinicius trazia o seu canto e encanto a Portugal, com ele vinham Chico Buarque e tantos outros, Nara Leão, Touquinho, dos últimos que vi, Ellis Regina, o sucesso era imenso, a música alegrava um país que precisava dessa emoção e alegria brasileiras.
Vinha o teatro de vanguarda: proibido, é certo, mas entretanto vinha...E para não falar depois da Revolução, das célebres telenovelas, que faziam parar os Conselhos de Ministros (talvez hoje precisassem de parar outra vez?)
Conhecíamos de cór os livros de Jorge Amado, a geração dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos, a indescritível Macunaíma, a bela e intensa Clarice Lispector...e toda a outra poesia, que não cabe aqui, por ser tanta e tão de excelência. A modernidade vinha toda de lá, aqui recuperava-se um neo-realismo envelhecido!
Ocorre-me agora evocar Henrique Chaudon, que se define como poeta-marceneiro. Na Alemanha está a ser traduzido. Por aqui aguardo que alguém o descubra, como merece.
Artista também da técnica dos blogs, tem um blog: a terceira gaveta. Recomendo que se visite!henrique chaudon, busca no google.
Artista também da técnica dos blogs, tem um blog: a terceira gaveta. Recomendo que se visite!henrique chaudon, busca no google.
Tríptico com melopeia
Sob a pele
lento e surdo
um lume.
Pelas ruas
somente a palha
o velho cascalho
das palavras.
Onde os claros, longos dias do Verão?
Onde uns olhos amorosos, a chamar?
Tortos mortos rios
as planícies devastadas.
Pedra e cal
e a mó moendo infatigavelmente.
Distante, muito além
um obstinato fagote
recorrente e rouco.
Impossível não evocar aqui a Ballade des Dames du Temps Jadis, " de François Villon, com o célebre refrão: "Mais où sont les neiges d'antan?" que sempre acorre à memória quando a saudade do tempo que passou de repente nos ataca.
O nosso David Mourão-Ferreira também dialogou com este tema e este poema, em UBI SUNT.
Mas falo De Chaudon, o abraço é para ele e tantos poetas brasileiros que só esperam ser lidos!
Impossível não evocar aqui a Ballade des Dames du Temps Jadis, " de François Villon, com o célebre refrão: "Mais où sont les neiges d'antan?" que sempre acorre à memória quando a saudade do tempo que passou de repente nos ataca.
O nosso David Mourão-Ferreira também dialogou com este tema e este poema, em UBI SUNT.
Mas falo De Chaudon, o abraço é para ele e tantos poetas brasileiros que só esperam ser lidos!
1 comment:
Amiga Yvette:
V. sempre divulgando meus trabalhos, e me estimulando!
Um grande abraço p/ V.
Henrique.
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