Ao Herberto Helder, sempre
(depois de ler A FACA NÃO CORTA O FOGO, capa de Ilda David, ed.Assírio e Alvim, Lisboa, 2008; um conselho amigo: comprem, roubem, peçam emprestado e não devolvam nunca)
Ah, essa faca
não corta o fogo
mas corta
o coração da pedra
florescendo
em palavras-pétalas
de ouro
e corta a veia
no fio
do horizonte
deixa escorrer
um delicado
sangue
voz abafada
grito nascendo
dessa faca
no corpo
desse fogo
10 comments:
Já comprei ;)
Passei hoje a tarde a lê-lo, devagar, para saborear o lume das palavras e deixar que ele se acenda em mim.
mas dizem-me que já se esgotou!
tenho que ver isso.
Amiga Yvette:
"Era um cão que tinha um marinheiro..." Poucas vezes li algo tão 'inaudito'! O Autor é um sedutor. Aliás, as primeiras frases de um livro, ou de uma prosa, ou o primeiro verso de um poema podem nos conquistar para sempre. Comigo sempre se deu assim.
"Puedo escribir los versos más tristes esta noche..."
"Não sou nada/ não posso querer ser nada..."
E por aí vai...
Obrigado por seu blog e por sua amizade.
Muito interessante, acabei de ler sobre esse livro em um outro blog, chamado Simbologia e Alquimia. Me interessei muito pelo livro, e provavelmente vou procurá-lo, porque parece valer a pena.
Visite meu blog também, eu estou lançando o meu primeiro livro, chama-se Vale dos Elfos. Caso se interesse, passe por lá, será bem vindo.
Um grande abraço,
Átila Siqueira.
Palavra fogo, faca são golpes que o dicionário não contempla. Temos o HH para nos acalmar o saber um pouco mais sobre os sentidos das coisas.
roubar a quem? onde? quando?
se nem às livrarias da ilha terceira chegou
soubesse eu que eras ténue!
brisa dos cinco elementos.
formada no rompimento dos tecidos humanos
ou em desejos momentâneos.
já idos! em Março.
vislumbrei-te sem halo.
intacta!
como a lua despida ao Outono.
e aceitaste-me com um sorriso de estrelas.
foi no hausto do instante,
inebriado pela miríade dos sentires,
que me deixei,
despercebidamente, sucumbir.
o tempo foi-se, exausto.
e nem sequer, os teus lábios provei.
soubesse eu que eras ténue!
mas não soube.
e despojando-me das vestes artificiais,
fui pregar às areias do vento.
o voo das aves corria no fluir das lágrimas
ou na força vital que pulsa nas artérias,
e foi nas águas do deserto
que reencontrei a dupla hélice da vida.
a lembrança? deixou de estar corrompida.
falhei o teu breve partir.
mas sei-te ténue, sei-te minha.
no profundo das sequóias vermelhas.
in Comentários na face da Noite
Boa noite,
desculpe-me o colocar de algumas palavras minhas, mas este Senhor é qualquer coisa!
Muito obrigado.
Teste.
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