CCB e SÃO LUIZ oferecem ao público português um Festival Pina Bausch.José Sasportes diz tudo sobre a sua obra, ao defini-la como " acções para bailarinos".
São de facto acções, pois todo o movimento implica uma intenção que é acção.
Mas não são acções ao acaso, arbitrárias; são acções com sentido, um sentido que se apura na extrema exigência e no extremo rigor do desenho no espaço de trabalho.
Por trás de cada gesto, excessivo ou contido, a reflexão cuidada, a justificação, ainda que sub-liminal, da escolha feita.
Quanto menos se revela, mais se diz.
Há algo da mística oriental (até mesmo na ironia que irrompe e rompe algum acontecimento) na meditação e na prática bauschiana.
Corre-se muito ? mas o importante é mesmo estar parado.
Fala-se? Mas o importante é mesmo estar calado.
É-se feliz, por momentos?
Mas a dôr não deixa de estar presente, com o seu rasgão, com o seu grito.
A natureza é fértil, resistente, é a Mãe abundante?
Mas o choro das crianças faz-se ouvir para sempre.
Numa realidade fragmentada, de múltipla leitura, fica a imagem que se guarda melhor, e o Todo poderá ser lido nela : o do cego correr da vida, do quotidiano onde por vezes uma louca ânsia de Perfeição e Beleza deixará a sua marca.
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