Tuesday, July 25, 2006
Sir Gawain and the Green Knight
" These translations by Marie Borroff not only are one of the great achievements of the translator's craft but are works of art in their own right" Lee Patterson,YALE UNIVERSITY.
Encontramos neste romance de cavalaria, para além da sua alta qualidade literária, o que faz dele um clássico de seu pleno direito, como observa M.Borroff na introdução, a marca da tradição cavalheiresca medieval:serviço leal ao rei, serviço cortês à dama, bravura destemida ao defrontar os cavaleiros adversários.
Neste romance, como nos outros conhecidos, de que Parzival foi o mais celebrizado pelas versões que teve e pelo tratamento que Wagner lhe veio a dar, haverá TENTAÇÃO, QUEDA, REDENÇÃO - momentos que na aventura da vida do herói contribuem para uma exemplar modificação do seu carácter, tornado assim mais nobre e mais humilde, por mais nobre.
Sir Gawain é chamado a defrontar o CAVALEIRO VERDE, que o recebe no seu sumptuoso castelo, lhe oferece magníficas caçadas e usará também a sua própria mulher como isco para o fazer cair nas armadilhas do desejo.
Não vou contar o enredo todo.Mas chamo ainda a atenção para um pormenor muito importante, que é o desvendar do nome: só quando o cavaleiro verde diz a Gawain o seu nome verdadeiro, descrevendo a sua linhagem, podem ambos selar uma amizade feita de perdão e entendimento.
How runs your right name? - and let the rest go.
That shall I give you gladly, said the Green Knight then;
Bertilak de Hautdesert, this barony I hold.
Through the might of Morgan le Fay, that lodges at my house,
By subtleties of science and sorcerer's arts,
The mistress of Merlin, she has caught many a man,
For sweet love in secret she shared sometime
With that wizard, that knows well each one of your knights
and you.
Morgan the Goddess, she,
So styled by title true;
None holds so high degree
That her arts cannot subdue.
Em resumo, foi a fada Morgana que levou o Cavaleiro Verde a desafiar um dos da Távola Redonda, por se ter sabido que era grande (desproporcionado) o orgulho desses cavaleiros. Entra aqui um novo conceito , o de "degree", medida, ordem, de acordo com o que deve ser a harmonia natural do ser humano, sabendo cada um o lugar que lhe compete e o comportamento que dele se espera, em cada situação. Este conceito de degree será muito glosado nas peças de Shakespeare: onde a ordem se quebra ou se altera indevidamente logo a tragédia, ou pelo menos uma grande confusão, se instala.
Mais haveria a dizer sobre o papel de Morgana, apelidade de Deusa, neste texto.
Habitando (sem que se saiba porquê) o castelo do Cavaleiro Verde dá a indicação de ser um alter-ego da sua própria mulher, a tentadora que entra no quarto de Gawain depois de cada uma das caçadas, em que visivelmente o grande prazer é físico e em que cada um dos animais pode representar a força do instinto.
Morgana deusa da vegetação, o verde do cavaleiro sua marca distinta, a aventura toda a aprendizagem da "retenue" do desejo, o amor contido do trovador face à dama a quem não pode entregar senão as suas canções.
O que não significa, como é óbvio, que não se quebrasse, muitas e muitas vezes (todas ?) uma tal obrigação.
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