Monday, October 16, 2006

Princesa Shikishi


Aos leitores que como eu se deixam seduzir pela poesia japonesa ( Haiku, ou Tanka, ou Renga, conforme) recomendo a leitura da suave e melancólica princesa SHIKISHI ( c.1150-1201 ).
Há uma bela edição bilingue, preparada por Hiroaki Sato que traduziu os poemas para inglês.
Pouco se sabe da sua vida, que decorreu retirada do mundo, mas a sua poesia foi incluída em quinze das vinte e uma antologias imperiais, onde estão seleccionados 155 dos seus poemas.
Duas marcas distinguem a obra de Shikishi: a devoção religiosa ( foi durante dez anos sacerdotisa imperial ) e uma inultrapassável saudade, lembrando a da Menina e Moça, ou a das Cantigas de Amigo, de um amor longínquo e inacessível.
Mesmo através da versão inglesa podemos sentir o ritmo de uma comoção que se exprime por imagens suaves, mas não menos poderosas:

"Rosário de contas, se tendes de vos romper, rompei-vos;
se tendes de durar, a minha resistencia enfraquecerá."

" Vi apenas a sua sombra no Rio das Abluções,
mas ele não tem coração e eu sofro com a minha dor."

Ou leia-se ainda este, de inspiração budista:
" Quando olho à minha volta, no silencio que antecede a aurora,
a noite ainda é escura, perturbada por sonhos."

Concluindo, a sua obra é tida pelos críticos como a de uma autora que representa o ideal poético do seu tempo : uma voz que não se manifesta apenas nas palavras, um sentimento que não adquire forma, uma sensibilidade que oculta mais do que revela e por isso nos toca mais profundamente.

1 comment:

Bípede Implume said...

Seguirei o seu conselho que agradeço. Darei notícia, mas tenho a certeza que me irei deslumbrar.