Sunday, May 14, 2006

Octavio Paz, Renga


Em 1969 houve quatro poetas que se reuniram num pequeno hotel da Rive Gauche de Paris : Octavio Paz, Charles Tomlinson, Jacques Roubaud,Edoardo Sanguinetti.
Fechados no sótão, escreveram durante quatro dias um poema colectivo em inglês, francês, italiano e espanhol, composto por quatro séries de sete poemas cada um.
Escolhi o poema de Octavio Paz, escrito inteiramente por ele, e que fechará bem o ciclo que aqui tenho deixado :

RENGA (I, 7)

"Calina respiración de la colina.
Bajo sus arcos duerme la noche,
arden las brasa.

Peregrinación serpentina:
la boca de la gruta, lápide que abre,
(abracadabra), la luna.

Entro
en la alcoba de párpados: los ojos
-hamam de los muertos- lavan las imágenes.
Resurreccion sin nombre propio:
soy un racimo de sílabas anónimas.

No hay nadie ya en la cámara subterránea
(caracola, amonita, casa de los ecos)
nadie sino esta espiral somnílocua,
escritura que tus ojos caminantes,
al proferir, anulan

-y te anulan, tu mismo
caracola, amonita, cuarto vacío : lector."


A pintura que ilustra o post é de CHU TA ( 1626-1705 ) : RAMO DE ÁRVORE.
Escreve François Cheng, a seu propósito: " ...trata-se antes de um corpo vivo, com a sua ossatura, a sua musculatura, o nó poderoso das suas articulações.Ramo transformado em braço, ombro, coxa, joelho : incarnação mágica do inanimado."
In L'ESPACE DU RÊVE,Paris, 1980.

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