Wednesday, April 05, 2006

Retrato de Michaux por Magritte




No Cahier de L'HERNE dedicado a Henri Michaux (Paris, 1966) encontraremos uma extensa e variada informação sobre a vida e a obra de um dos mais marcantes escritores, pensadores (foi dos primeiros a viver e a pensar o abismo da mescalina) e pintores do nosso século XX, o século por excelencia dos desafios positivos e negativos da alma.
Entre os colaboradores do Caderno estão personalidades como Jacques Maritain, Jean Paulhan, Paul Celan (este com um poema), Jacques Prévert, que narra um encontro, Allen Ginsberg, JorgeLuis Borges, Ungaretti ; para além destes textos, sob a rubrica Estudos, encontramos Maurice Blanchot, Stéphane Lupasco (os cientistas da época também tinham algo a dizer ), Robert Bréchon (o nosso fiel "pessoano" ) Gilbert Lascault, etc.
Seguem-se, no Índice, os colaboradores do Estrangeiro: Alemanha, Estados Unidos, Japão, México, Polónia, e Suécia.
Depois os textos de Michaux, os pintores que o retrataram ou sobre ele escreveram, como Magritte, aqui reproduzido, ou André Masson, que lhe era muito próximo, até na própria experimentação gráfica, Asger Jorn, que já consta deste blog, Matta, e outros.
Bom será mesmo ler o Caderno, que contém ainda uma antologia de documentos vários e uma preciosa Bibliografia.
Claro que nunca nada se poderá substituir à leitura directa, sem filtros de ninguém, de um grande escritor.
Eis como termina um dos seus longos e belos poemas, escrito entre 1964-1966:

" Tu vas continuer sans nous. Terre des hommes
tu vas continuer, toi "

( in LIEU SUR UNE PLANÈTE PETITE )


Ou, noutro texto, em prosa:

" Etrange est notre sol, étrange est notre air. Il nous retire notre chaleur. Il nous retire nos couleurs. L'eau qui nous permet de vivre, nous fait lentement mourir. "

( in NOTRE PAUVRE REINE )

Sugestões: LA NUIT REMUE,1933 ; AILLEURS.Voyage en Grande Garabagne ,1967 ; MISERABLE MIRACLE, La Mescaline. 1972 ;
ÉMERGENCES-RÉSURGENCES , 1972 ; CHOIX DE POÈMES, 1976 ;TEXTES SUR LA PEINTURE, 1978 ;
e há mais, muito mais...nas ed. FATA MORGANA.

Só em nota muito à margem, certamente que o Miguel Sousa Tavares leu, ou pelo menos conhece de nome , do mesmo Michaux, a obra ECUADOR, de 1929, reeditado várias vezes e acrescentado e ECUADOR;JOURNAL DE VOYAGE.

Para terminar, de verdade, o mais importante: a edição das Obras Completas de Michaux, na PLÉIADE,1998.

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