Saturday, June 24, 2006
JULIAN RIOS
Já citei a sua obra-prima, LARVA, um romance que é um perpetuum, a prosa espanhola mais perturbadora deste século, na referencia da ENCICLOPEDIA BRITÂNICA.
A esse primeiro, compacto, volume, seguiram-se outros, como POUNDEMONIUM, Homenagem a Ezra Pound,o mal amado, e
AMORES QUE ATAN, a narrativa de uma sucessão de casos que importam mais pelo permanente delírio verbal em que nos envolvem do que propriamente pelos factos em si que são contados. Tudo é pretexto para uma fusão-devoração entre as palavras e seus jogos ambíguos de grande intesidade também sexual, mais do que sensual.
Expõe-se, como diria Celan, não se impõe, uma prosa que nunca deixa, pelo ritmo alucinante, de ser ao mesmo tempo poesia. A prosa posta a nú, como se fosse um corpo: babélico o ambiente descrito, desconstruído a seu modo, voraz, algo brutal.
O livro é apresentado, na contracapa, como um conjunto de cenários londrinos, cidade onde Julián viveu e a que regressa, quando escreve, espaço mítico da sua educação sentimental feita através de vários encontros com várias mulheres de outras cidades e culturas.
Para além das relações amorosas que se tecem, o que se tece e entretece é de facto o jogo da linguagem, na fuga permanente que uma das mulheres A FUGITIVA, muito bem simboliza.
É patente a marca de Proust, no cinzelar cuidado das situações, mas é mais forte a marca de Joyce, ele próprio um grande devorador-desconstrutor de palavras. A grande heroína do livro é a linguagem, todo o processo é estético e para o fruir deveremos despir-nos de outras categorias definidoras do romance como género.
Uma última referencia: IMPRESIONES DE KITAJ o LA VIDA SEXUAL DE LAS PALABRAS .
Boa leitura !
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