Friday, March 31, 2006

Mais Brant e Bosch



Fernando Marías, no seu pequeno mas muito erudito livro com reproduções dos quadros e gravuras de Bosch (Madrid,1979) salienta o que atrás já disse sobre o interesse de ler Sebastian Brant como suporte crítico da pintura mais severa ou irónica de Bosch.
F.Marías dá como exemplo o óleo intitulado A CURA DA LOUCURA, que se encontra no Museu do Prado em Madrid(c1475.1480)aproximando-o do texto de Brant relativo à ARTE MÉDICA DE TOLOS ,que glosa a gravura n.55, e onde se diz que quem confia na arte médica e não obtém sinal de cura só pode ser mesmo um tolo.
No quadro de Bosch um outro tolo pede ao médico charlatão que lhe retire da cabeça a "pedra" da loucura...
Ambos, Bosch e Brant ,satirizam aqui os charlatães que se dizem capazes de curar toda e qualquer maleita. Entre eles haveria decerto igualmente alquimistas, não é por acaso que Ben Johnson, escreve uma comédia intitulada THE ALCHEMIST (1610).
Paracelso, no séc.XV, viaja pelo mundo e a sua medicina torna-se paradigma do vitríolo dos filósofos, a que muitos chamariam também Elixir de Vida. Os insucessos, é óbvio, seriam mais que muitos, e essa moda alvo de chacota.
No quadro de Bosch o livro na cabeça da mulher representaria as falsas doutrinas (fossem médicas ou, como diz F.Marías, religiosas) preocupadas apenas em extorquir dinheiro a pacientes ou crentes.
E teremos, lembro agora, em 1517 as célebres teses contra as Indulgências que farão de Lutero o maior dos espíritos reformistas do tempo.

1 comment:

Yvette Centeno said...

Hello, wait for what is still coming...
and thank you...