Wednesday, March 15, 2006

Witold K.

Witold K. nasceu em 1932 em Varsóvia , e estudou na Academia de Belas-Artes, fazendo exposições em Varsóvia e Cracóvia,bem como em Colónia,Oslo, Bruxelas, Londres, etc. Mas a sua obra mais célebre continua a ser o vasto fresco que pintou no tecto do Teatro de Auschwitz. Fixou-se em Paris onde se destacou entre os artistas da geração de 60.

O seu universo está povoado de personagens desmembradas, reduzidas a uma" forma essencial ", sem braços em que se apoiem, flutuando num espaço aberto e baço , num desalinho que prenuncia algo de terrível que pode acontecer a todo o momento.

Pintor que se pode dizer figurativo, mas de uma austeridade que não permite ver nas figuras o que lhes resta de humano.
"Toda a sua arte é esforço e procura"( Luc Canon, Bruxelas, 1965).

Impossível não evocar Celan, o poeta das formas essenciais, das palavras despidas, dos caminhos perdidos:

"Carregados
para o campo
com
a marca
inconfundível:

Ervas.
Ervas,
escrita dispersa ".

Nas suas pinturas dos anos 60, vivendo em Paris, ajudando os refugiados polacos desta vez  a sobreviver à Ditadura soviética, numa Polónia que sofrera o Holocausto e agora voltava a sofrer o terror da perseguição ao pensamento livre, criador, vemos figuras que de costas para nós, suspensas num espaço cujo tempo parece não ter marcas, não há rostos  visíveis, há corpos despojados, desmembrados, mas que ainda assim flutuam, escapando à realidade de opressão que o pintor evoca.
Em 1964 recebe, ainda em Paris, recebe dos EUA a medalha do AMERICAN CONGRESS FOR THE FREEDOM OF CULTURE. Foi proibido  então de regressar à Polónia e partiu para Nova Yorque em 1968.
O seu caminho levou-o mais tarde para Denver, Colorado, em 1980 e aí permanece até hoje, trabalhando em áreas científicas como as que Stephen Hawking inaugurou, com outros, no campo da astrofísica.

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