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INEZ WIJNHORST apresenta a sua "Casa Portuguesa": há algo de babélico na acumulação dos andares, e os sótãos imperfeitos, como que inacabados, deixam espaço à imaginação de quem deseje continuar a construir, erguendo camada sobre camada...
A ideia de uma construção em aberto, ainda que perigosa ( pode ruir ) seduz. Ergue-se ao alto, como o castelo de cubos ou de legos das crianças. Reconstitui um certo imaginário da infância.
Mas esta casa fala ainda de outras coisas: dos espaços amontoados das sociedades modernas, do sufoco, não fossem as janelas em Portugal estarem quase sempre abertas, deixando ver a vida que se vive.
Deixa-nos ainda, esta casa de Inez, com a sensação de estarmos perante uma forma contida como um ovo mas que pode, a qualquer momento,explodir por força de tanta contenção.
Diz Gaston Bachelard que " o espaço é nosso amigo ". Mas na geometria imperfeita das vidas o espaço pode ser violento, a protecção pode falhar, dar-se uma explosão fatal. A casa portuguesa está a abarrotar de coisas e de gente.
A metáfora de Inez não me faz esquecer a nossa vida real: se puxarmos o fio será que resiste a um abanão mais forte ?