Tuesday, September 26, 2006

SIEGLINDE



Sieglinde é a Sedutora, como fora a bela Eva.
É ela que dá o primeiro beijo na face do desconhecido que vem cair exausto no chão da sua casa.
Olha-o, como dirá depois, reconhecendo-se nele ( a outra metade, do Andrógino de Platão).
Ajuda-o a desvendar a sua origem, que se verifica ser a origem de ambos.
DÁ-LHE O NOME ( fá-lo renascer como Siegmund ) e ao indicar-lhe a espada faz dele um cavaleiro e um homem. Será ele a dar o nome à espada: Nothung.
Temos nesta trama simbólica a recuperação do mito edénico e do mito platónico - ainda que venham a desfazer-se no fim.
Percorrendo um pouco mais do Libretto veremos como do frio Inverno da alma se passa à mais cálida e sensual Primavera do corpo.
Homem e Mulher, Mulher e Homem - ecos felizes do Papageno-Papagena de Mozart, o inesquecível .
Um excerto da Ária final do 1.Acto :

Sieglinde.

Bist du Siegmund,
den ich hier sehe-
Sieglinde bin ich,
die dich ersehnt:
die eig'ne Schwester
gewannst du eins mit dem Schwert!

Siegmund.

Braut und Schwester
bist du dem Bruder-
so bluehe denn Waelsungen- Blut !

És noiva e irmã
do teu irmão-
pois que floresça o sangue dos Waelsung !

Estão lançados os dados do destino, que acabará por ser trágico.
No 2.Acto, encontramos Wotan e Bruennhilde ( que se apronta a obedecer às ordens do pai, para que proteja os amantes) ; e logo de seguida a severa e ciumenta Fricka pedindo que sejam castigados.
Belíssimo, na cena que agora representa a morada dos deuses, a esfera pendular fazendo rodar o tempo e o destino que nele vai contido. Também pode ser lida, é óbvio, como a esfera terrestre que os deuses desejaram dominar.

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