Monday, March 18, 2024

Nuno Júdice, in memoriam

 Não é logo

sobre tantos retratos

tranquilos

de sorriso enigmático

com algo escondido

no olhar e

que alguém se precipita

a revelar

que surge a palavra certa,

a do lamento.

Na Primavera também morrem

poetas

como qualquer pessoa

de modo inesperado

mas dos poetas

exige-se tanto mais...

que fiquem

que perdurem

que nunca de ninguém

se vejam separados

não é para isso que servem

os retratos?

E as palavras, tantas,

que nele ficaram sem tempo

 atravessadas?

Não era Primavera?

Não estava a chegar

a bela Proserpina?

Mas poeta é assim:

Conhecida afinal

a última palavra

já não quis esperar.





 

No comments: